quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Zumbis


Em 24 de Julho:

Acho que tem algum filme de terror com esse nome, deve ter.
Nos últimos dias tive uma recaída. As dores voltaram e a dormência no lado direito da cabeça me fazem lembrar os piores dias dos quais pensei que estivesse livre.
Me derruba sempre que acontece, como se minha cabeça estivesse sendo prensada entre chapas de ferro com um pino atravessando pelo meio e fosse estourar, uma espécie de máquina de tortura medieval. É um alarme que soa lembrando que tem um adversário dentro da minha cabeça. Mas luta é assim mesmo, a gente vai à lona, levanta, cai outra vez, acerta uns golpes, leva outros até o último "round". É preciso levantar antes que o juiz conte até dez. 

Antes de ir para São Paulo para o tratamento, quando ainda estava em casa sob efeito de anti-convulsivos, numa tarde dessas em que a gente passa pelos canais de TV sem saber o que quer assistir, parei num filme que valeu muito à pena, não pelo talento dramático do protagonista (ele realmente não tem), mas pelo que me rendeu em inspiração. No filme, o lutador sabe que tem limitações físicas que podem impedí-lo de ganhar o título, mas ele luta por outro motivo: Para se sentir vivo.
Tenho também limitações que impedem a cura (o título), a remoção dessa "pedra" em meu cérebro. Mas eu luto não apenas pela cura, luto porque valorizo a vida com tudo o que ela tem. Me motivo pela luta.
Sim...há momentos em que a luta em si é o processo e o motivo ao mesmo tempo. Estar nela já é uma conquista e isso não é consolo, é saber o quanto você vale. Tem gente que passa a vida inteira sem saber seu tamanho por não desafiar nada...como um zumbi perambulando sem saber que na verdade está morto, é um corpo inerte movido apenas pela fome em uma rotina que se repete interminavelmente. Zumbis não realizam, não esperam mais nada da "vida"a não ser saciar sua necessidade imediata.

Como todo mundo que está lendo esse e-mail, eu levei e continuo levando uns socos da vida. Ótimo, porque sem cair a gente não aprende a levantar , nem sabe se consegue.
E quando você apanha e cai, o mundo e a vida não esperam você se recompor. Então melhor levantar logo, antes que o juiz conte até dez, em vez de procurar culpados pelo tombo que é seu, ficando aí, se achando incompreendido, injustiçado, vítima...Olhe em volta e faça o que tiver de ser feito, seque o sangue vá em frente. Se não houver desafio de superação você é um morto-vivo, um zumbi trôpego e patético que tem apenas a ilusão de estar vivo, mas na verdade é um inerte. "No pain, no gain" (Sem dor não há ganho) diz o ditado em inglês.

Lutadores, guerreiros, campeões não treinam comendo rosquinha em banco de praça olhando a vida passar. 

Eu não sou forte, a minha fé que é. Eu choro, minha fé sorri. Fiquei, sim, chateada em reviver sintomas que pensei que tivessem ficado pra trás. Tive sim, vontade de jogar a toalha e gritar - Cheeeeeega! - afinal a dor cansa. Cair cansa. Mas eu não vou ficar caída lá, cansada de tudo esperando o juiz contar até dez. Entregar a luta só se for por nocaute, e ainda faltam alguns rounds - regados a remédio pra dor de cabeça. Mas eu levanto antes do dez. 

E justamente nesses dias ruins, acabei vendo o filme de novo...caramba! Aí precisei escrever pra compartilhar isso e, claro, mandar os links de dois trechos especiais do filme.
Foi como ouvir Deus falando comigo, é...um "puxão de orelha de Deus", um gole de energético no intervalo da luta. Eu acho que vai dizer alguma coisa pra vocês também, até pra quem já viu.

Abraço,

Jo






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