quinta-feira, 2 de agosto de 2012

A Salvo

Em 1 de Julho de 2012:


Vidas da coisa: Meu avô paterno faleceu jovem, vítima de um AVC fulminante. Não cheguei a conhecê-lo. Artista plástico, desenhista, dele herdei o gosto pela arte, alguns livros antigos de arte em espanhol e...um tumor cerebral de origem genética, conforme constatado recentemente pelos médicos. A história da gente é intrigante, como uma caixa de bugingangas  com surpresas ocultas.

Acabo de fazer a primeira ressonância de avaliação após a radioterapia, e lá estava a pedra em forma de borboleta pendendo para o lado direito bem dentro da minha cabeça. O primeiro pensamento foi: "-Dei um tiro de bazuca na pedra, acabei com tudo em volta e a pedra está lá, como se nada tivesse acontecido. Nem um arranhão nele, enquanto eu..."

Está dentro do esperado, já que ouvi em alto e bom tom de todos os médicos que não há cura para meu caso, apenas uma tentativa de controle para evitar ou retardar o agravamento do quadro. Não há certezas. O que tenho vai ter que me bastar daqui pra frente. Vou estar a salvo.

Em algum momento essa coisa pode me matar, dentro de dias, meses, anos, não sei. Não há como saber. Não é importante. Vou estar a salvo.
Importante é que quando isso acontecer eu continue. Essa será minha vitória: continuar. Essa é a vitória de cada um nesta vida: continuar. A salvo.
Alguma coisa pode te atingir também, a qualquer momento, mas você precisará continuar, e permanecer a salvo.

Sem lamúrias, talvez algumas breves lágrimas, mas respirando fundo e dando mais um passo, e outro depois desse e assim por diante. Até o dia em que deixaremos de ser o indivíduo e passaremos a ser legado, dos nossos fragmentos guardados nas vidas daqueles que ficam. A salvo. Isso é importante. Que a nossa passagem por este mundo tenha sido um tempo bem empregado mesmo com nossos defeitos e limitações (meus desafetos que me perdoem...).
Até que esse dia chegue, o que for possível a gente faz, e o que não for, que possamos continuar ...a salvo...

Continuar...mesmo sem curas, sem certezas, mesmo sob as nuvens escuras, mesmo sem garantias: continuar - a salvo.

Por quê repeti "a salvo" tantas vezes? Segue o vídeo:




Desejo uma boa semana "a salvo" pra vocês. 
Abraço.
Jo

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