quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Guiando

Em 11 de Julho de 2012:


Guiando de novo! Não, não virei guru. Esta semana estou voltando a guiar meu carro. Saudade da liberdade que traz poder dirigir, ainda que no trânsito ruim (pra dizer o mínimo) de Fortaleza. Mas independência é algo muito bom. Embora eu tenha tido ótimos motoristas para me levar de uma consulta à outra, e sou muitíssimo grata à eles. Mas ir e vir sem depender de outras pessoas, ouvindo minhas músicas, ah!!!não tem preço! Pro resto a gente usa aquele cartão de crédito...

E voltando ao negócio do guru (as visitas tem trazido uns insights sísmicos!), outro dia uma pessoa se referiu a mim como  "Minha querida guru". Esse negócio de seguir e guiar é mesmo muito chato.

Em todas as culturas, da mais primitiva à mais complexa, existem os gurus. Da tribo ao mundo corporativo, lá estão eles.
E, é claro, seus seguidores. E as pessoas se tornam seguidoras pelos motivos mais diversos: porque está perdido mesmo, porque quer fazer parte da turma, por conveniência, porque tem lacunas que nem Freud poderia explicar. "Seguir" o "guru" em qualquer coisa é perigoso. Muita gente faz muita bobagem por "seguir" o outro (hummm, ui! Terreno arenoso...). "Seguidores" não enxergam a paisagem ou o que vem no caminho pela frente. Se o da frente cai, embola todo mundo junto.
Aí você vai falar em liderança, em mestres. Mas isso nada tem a ver com guru...
"Seguir" é para os cegos, "orientar-se" é para os equipados. Se você tem uma bússola, está equipado e vai "orientar-se" por ela, mas o modo como vai andar em determinada direção é escolha própria. E, como eu já disse antes no site "A pedra e a borboleta", um peregrino pode andar pelo mesmo caminho que outro, mas seus pés não vão pisar exatamente na mesma pegada que o outro deixou.
O mestre alimenta o processo de crescimento daquele à quem orienta e o outro vai pensar no assunto, elaborar, selecionar e concluir por si. O 'guru" diz: "- Isso é assim", e o outro diz: "- OOOOOHHHHH!" admirado porque não entendeu nada. E ainda sai repetindo por aí, pra piorar o cenário triste. Tem guru em tudo quanto é área de conhecimento (se é que dá pra chamar de conhecimento). E muita gente pra "segui-lo".
Na Bíblia Jesus fala sobre isso ( Mt 15:14 e Lc 6:39) pra citar apenas duas passagens.Ele não queria seguidores, mas sim discípulos. O guru se esconde no título de profundo conhecedor, mas o profundo conhecimento requer prática, exercício, não apenas teoria. Siga uma orientação, nunca uma pessoa.

Quem se orienta por um caminho pode ver por onde está passando, mas o seguidor usa antolhos. A "aura"de "guru" encobre farsas. O guru não costuma aplicar aquilo que prega em sua própria vida. Normalmente ele encobre sua frustração como indivíduo. Seus exemplos e ilustrações são sempre fictícios, não tem exemplos próprios e reais porque não vivencia o que professa. Exemplo prático? Ok...Gandhi. O ícone da não-violência tinha seu séquito particular de "cuidadoras", meninas entre 14 e 17 anos de idade que inclusive o "acompanhavam" à noite. Como se pedofilia não fosse uma forma de violência. Posso citar outros, como James Ray, preso no ano passado, ou Rajneesh - o Osho - que pregava a libertação pessoal através de suas 'cerimônias tântricas' - leia-se orgias sexuais - e foi deportado dos Estados Unidos tendo que abdicar de sua coleção de Rolls Royce e sua rede de casas de massagem, morrendo na Índia. E a lista vai...

Ame, dedique-se, admire, oriente-se, mas não siga. Cada pessoa possui seus próprios olhos e sua própria mente para usar, não é enfeite da parte superior do corpo (eu que o diga, em meu atual estado de saúde...). Não pise em pegadas de outros. Seu caminho é único. Fuja dos gurus. Guru é alguém esperto que faz mau uso do ditado "Em terra de cego quem tem um olho é rei"(imagine quem tem os dois?). Mas o resto eu deixo pro vídeo dizer. E recomendo que façam exame de vista periodicamente. Fiz o meu na semana passada...e só pretendo "guiar" mesmo é o meu carro.

Abraço e boa semana.

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