quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O décimo primeiro dia

Em 13 de Abril:


Passei um dia e uma noite em uma cela no inferno.
No décimo primeiro dia de tratamento, os efeitos da radioterapia vieram de uma só vez, avassaladores.
A cabeça parecia estar sendo aberta à pancadas, e o estômago, queimando,  já não tinha mais o que botar pra fora. No entanto ele não parava de tentar. Eu pensava: "preciso da mente sã neste corpo insano que eu não controlo mais... "

Coquetéis de remédios pra tanta coisa que já falta espaço na mesinha...o corpo precisava se adaptar, responder.
Lá, deitada no chão do banheiro, eu não conseguia mais levantar a cabeça (pelo menos tinha conseguido tirar a cabeça do vaso sanitário, já era alguma coisa, hehehe)
Febre, calafrios, suor e as pancadas e ferroadas na cabeça. Virei uma criatura sem dignidade jogada no chão do banheiro.
A sensação de cair...cair...cair num abismo do inferno.

Fechei os olhos apertando como se gritasse e no que me restava de consciência lembrei os primeiros versículos do Salmo 121: "Elevo os olhos para os montes: de onde me virá o socorro? O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra." 
Deus ouviu e respondeu. Mandou um anjo para me mover enquanto outro cantava. Não importa se os braços do inferno surgem para te puxar, os de Deus são mais fortes e extensos para te trazer de volta! Não existe remédio maior que a fé! Consegui ir até o chuveiro e lá, no chão, com a água lavando a dor e o desconforto, ouvi algo parecido com isso:





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