quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Chuva

Em 27 de Março:


CHUVA




Uma trégua em SP pra escrever. Tem muito trabalho a fazer por aqui. Prefiro assim, porque na verdade eu não vejo o meu momento como doença. Vejo como uma oportunidade. Trabalhosa sim, dolorosa e cansativa, sem dúvida. Mas nada a lamentar. Não estou doente, estou num momento borboleta.Tempestade não é provação, é tempo de renovar. Não é castigo de Deus pra peixinho, é mover das marés para o bem da vida dos oceanos.

Lembro muito de um aperto (um?) que passei no Caminho de Santiago quando fui pega de surpresa numa chuva de granizo no meio da trilha. Sozinha, não dava pra correr por causa do joelho inflamado. Não tinha abrigo por ali, faltava mais de meio kilômetro pra chegar no albergue. E dá-lhe gelo na cabeça e no corpo. Alguns conhecem essa história...a não ser por um detalhe que eu nunca contei, mas vou contar hoje.

As pernas formigaram, depois parei de sentir os pés e os joelhos, as mãos racharam nas juntas até sangrar. "-Acho que não vai dar"eu pensei primeiro. Tiritava de frio, e lembrei mentalmente de uma música que eu gosto de ouvir nas horas em que preciso de calma. Lembro de puxar na memória para "ouvir" mentalmente a primeira estrofe e só. Não lembro de mais nada, apenas de estar chegando na porta do albergue e do movimento das pessoas me acudindo. "-Como foi que eu cheguei, alguém me trouxe?" perguntei à albergueira.
 "- Você chegou sozinha, e ainda deu trabalho pra deixar a gente tirar a mochila das suas costas!" ela disse, meio que zombando de mim. Sozinha? Não. Eu sei que quando chove eu nunca fico sozinha. Nenhum de nós fica. Deus não está longe, está sempre ao lado, e nessa hora ele abraça e canta sempre essa música no ouvido da gente. Compartilho a música com vocês, afinal um dia você pode estar na chuva também e precisar ouvir. Eu, bom, tenho ouvido quase todo o dia. Ouve  comigo? E que venha a chuva!

Aí o vídeo:

https://youtu.be/AeCf10QzoMs


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