terça-feira, 18 de setembro de 2012

Tudo bem

Vieram perguntas depois de minha última mensagem.
Tive uma séria infecção, ruim mesmo, houve uma baixa imunológica significativa e não deu pra responder antes.
Tenho médicos especiais e cuidadores zelosos. Obrigada. Sortuda, eu.

Voltemos às perguntas. Fiquei em dúvida se respondia somente à quem perguntou ou se fazia isso em forma de mensagem. Depois de refletir bastante, resolvi correr o risco e me expor. Perguntas do tipo : Se eu acredito em vida após a morte, qual minha religião, o que significa ter fé, como faço quando há crise pra superar e outras coisas que giram em torno desses temas. São temas delicados para muitas pessoas e eu me preocupei em fazer isso de uma forma honesta, mas cuidadosa. Não quero ferir ninguém com minhas considerações. Se isso incomodar quem recebeu de forma ruim, por favor pare agora a leitura e ignore esse email. Não quero invadir sua praia.

Eu acredito que a morte seja uma forma de transformação, que comparo ao nascimento de uma borboleta. Nossa vida terrena é o nosso tempo lagarta, amadurecemos e nos tornamos casulo e, ao morrer, borboletas. Mas creio que antes de se preocuparem com a morte, as pessoas devem se ocupar em estar realmente vivas até que ela aconteça.
Há alguns casulos que secam antes que a borboleta se forme... Muita gente leva a vida como um fardo, cheio de problemas pra resolver e passam anos reclamando das mesmas coisas, culpando a vida e os outros por suas frustrações, conduzindo tudo como um jogo que precisam ganhar ou dependendo de acontecimentos e soluções externas para conseguirem estar felizes - o que nunca acontece e tudo então permanece nas metas da lista de fim de ano. Não conseguem estar bem, sempre falta alguma coisa.
E assim o casulo  seca antes do tempo. Morremos, mas nunca deixaremos de existir para aqueles que nos amam se eles forem suficientemente maduros para entender que mesmo aquilo que não está em seu campo de visão ainda existe. Para os bebês, o mundo tem apenas a largura daquilo que enxergam. 

Outro dia fui à um salão de beleza e estava lá uma senhora, cabo eleitoral de um certo candidato à prefeito. Era eu frente aos argumentos de todas as 12 mulheres presentes.  Foi uma experiência interessante, e curiosamente conduzimos os debates sem nos descabelarmos, para alívio da cabeleireira. 
O problema sobre emitir opinião sobre religião, política e religião é o seu denominador comum: os fanáticos. Sobre religião (eu discuto religião, futebol e política sem problema e acredito na boa convivência das diferenças) -  Tá, futebol eu não discuto muito porque não entendo o suficiente, sou bem fraca no assunto - . Sei que isso ainda vai me render  desafetos e indignações, é sempre assim (não o futebol, mas argumentar sobre religião e política).

Verdades duras demais viram prepotência e trazem a necessidade de provar que estamos certos para que os outros vejam como somos fortes, como temos razão. Já tive razão, hoje prefiro ser feliz ( já li isso em algum lugar... de Ferreira Gullar, se não me engano)
Religião deveria, em princípio, ser um caminho para nos "religar"com a essência espiritual da vida. Infelizmente virou política, negócio, justificativa de matança ao redor do mundo e ao longo da história das civilizações. 

Conheço muitas religiões, participei de várias e respeito todas. Não sigo nenhuma.

Leio a Bíblia com muita frequencia e quanto mais leio o Novo Testamento mais claro me parece que Jesus buscou sempre libertar a espiritualidade da religião.
Símbolos, rituais, regras, dogmas, doutrinas, misticismos, para mim são clausuras que impedem a visão nítida da fé em sua amplitude e se tornam peças sobre o tabuleiro de um jogo reduzido à dinheiro, poder, política e fuga do enfrentamento das carências emocionais e psicológicas. Isso para mim. Para muitos não é e respeito o que lhes é sagrado porque o amor não depende da concordância. Não tenho aqui o intuito de julgar a  religião de ninguém, menos ainda julgar alguém por sua religião - à isso chamo ignorância - entendo que tudo tem um papel na vida das pessoas e todos devem ter o direito de crer naquilo que lhes responde às perguntas e acalenta o coração. Não me atrevo à converter ninguém a nada (pessoas não convertem pessoas) e nenhuma pessoa comete a imprudência de tentar me converter à nada. Uso "conversão" aqui no sentido de mudança de rumo e atitude.
Expresso o que isso é pra mim, como disse, e sei que para muitas pessoas o quadro é diferente e conheço muitas pessoas que praticam suas crenças com muita verdade no coração. É isso que importa, verdade no coração, não a etiqueta da fé.
Para estes há crença, para os hipócritas há religião. Praticar uma religião não significa que você realmente crê no que proclama. Outros podem dizer que eu sou uma perdida se isso os deixar mais confortáveis. Sou, talvez, o que poderia chamar de cristã ultra-primitiva, uma religião que não existe. Portanto não sigo religião. Minha fé não tem nome.

Estou apenas me posicionando aqui com honestidade porque me propus à não ter medo de expressar o que penso de verdade, porque cheguei à um ponto em minha vida em que o julgamento das pessoas deixou de ter importância. Aliás, isso não deveria existir. Já quis aceitação, mas já tenho trabalho suficiente aceitando à mim mesma. Eu não poderia me esquivar de responder porque seria covarde se o fizesse, me mantendo segura em meus discursos unilaterais do lado de cá da internet sem me expor ao desconforto. Já atirei e recebi pedras. É um erro idiota.

Ainda respondendo, entendo que ter fé é como proteger uma chama do vento - enquanto a mantivermos acesa ela nos proporcionará luz. Posso comparar também à energia elétrica, a fé é a força que mantém nossa alma funcionando em sincronia com Deus, é o que torna possível enxergar além do tempo nublado, do mar tumultuado, além do abismo que nos separa das coisas, da fé- licidade.  

Quando me perguntaram sobre as crises, não ficou claro se estavam se referindo às crises decorrentes do meu tumor cerebral e do tratamento ou de crises da vida em geral.
Independentemente da natureza das crises, para mim elas nunca são negativas. Podem ser duras, pesadas, mas nunca negativas. Não vejo punição alguma na crise.
Ao contrário, se passo muito tempo sem crise, fico inquieta. Acho que isso é peculiar em artistas, as crises nos alimentam, nos inspiram e se soubermos suportar o vento, aumenta a resistência. A calmaria acomoda, dá sono, e sono demais vira preguiça. A fé ajuda a suportar o vento e ouvir suas mensagens. O amor mantém a gente aquecido quando o vento esfria. Quando a coisa fica pesada, peço ajuda. Deus nunca deixou de estar lá, até quando eu não peço. Dá pra sentir o amor perto, a segurança.Um amor que cura e fortalece.

Pra enfrentar a crise é mais ou menos isso: conheça seus limites para poder trancendê-los, saiba esperar quando necessário, conheça o seu desfio e creia que só há um motivo para aquele momento existir: o fato de que você pode superá-lo.

Assim é que aqui expus meu coração e pensamento. Minhas respostas me servem por enquanto e talvez ajudem outros a obter as suas. Outros não precisam de respostas, talvez nem de perguntas. Pois é. Boa Semana pra todo mundo. Segue o vídeo :


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