segunda-feira, 14 de abril de 2014

Catarata

"Há algo por trás do trono maior que o próprio rei" 
( Sir William Pitt)



A venda é uma das atividades mais antigas da humanidade, hoje uma atividade global que comanda praticamente tudo no mundo dito " civilizado". Vendem-se bens, serviços, pessoas, influência e poder, até verdades e almas são vendidas.
Para vender mais e por valores cada vez mais altos se promove a venda, não a do ato de vender, mas a que cega os olhos. 

Circo e pão em medidas desproporcionais alimentam a cegueira da mente humana tornando normal a falta de lucidez que conduz massas humanas ao comportamento bizarro do consumo compulsivo, da alienação, da ignorância, das crenças erguidas sobre grandes equívocos induzidos por dominações históricas cujo único objetivo é a extorsão dos tolos. 

Multidões de sufocados pelas nuvens ilusórias de que o mundo é assim mesmo e que não devemos nos envolver, de que a prioridade é "levar minha vida", a rotina do acúmulo,  fazendo da catarata mental a maior doença da humanidade nos nossos dias. E contra esse mal só a prevenção ou uma intervenção " cirúrgica" radical podem, com algum esforço, funcionar. 

O quê você está realmente fazendo da vida? Quantas palavras desperdiça por dia? Quantas precisava dizer e não diz? Quantos sinais sua recepção falha em receber por deixar que haja tanta interferência nas frequências?  Quão grave está o seu grau de catarata? 

Vivemos um momento crítico do mundo em que não podemos nos dar ao luxo de optar pela cegueira. Quem tiver olhos de ver, que os abra e acorde agora ou , mantendo-os fechados, durma o sono de sua meia-vida, como os seres contaminados dos filmes de apocalipse zumbi, celebrando a próxima copa do mundo, os pontos facultativos e feriadões, a verba desviada, a vantagem pessoal ilícita, o voto vendido, o benefício leonino, o abuso de poder, a usurpação, o vício e a embriaguez. Estes, tão cegos, não viram o próprio velório acontecer. 



          Mateus 24.1-2; Marcos 13.1-2
5Algumas pessoas estavam falando de como o Templo era enfeitado com bonitas pedras e com as coisas que tinham sido dadas como ofertas. Então Jesus disse:
6— Chegará o dia em que tudo isso que vocês estão vendo será destruído. E não ficará uma pedra em cima da outra.

Mateus 24.3-14; Marcos 13.3-13
        7Aí eles perguntaram:

— Mestre, quando será isso? Que sinal haverá para mostrar quando é que isso vai acontecer?
10
— Uma nação vai guerrear contra outra, e um país atacará outro. 11Em vários lugares haverá grandes tremores de terra, falta de alimentos e epidemias. Acontecerão coisas terríveis, e grandes sinais serão vistos no céu.
Mateus 24.29-31; Marcos 13.24-27
25E Jesus continuou:
— Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. E, na terra, todas as nações ficarão desesperadas, com medo do terrível barulho do mar e das ondas. 26Em todo o mundo muitas pessoas desmaiarão de terror ao pensarem no que vai acontecer, pois os poderes do espaço serão abalados. 27Então o Filho do Homem aparecerá descendo numa nuvem, com poder e grande glória. 28Quando essas coisas começarem a acontecer, fiquem firmes e de cabeça erguida, pois logo vocês serão salvos.
Mateus 24.32-35; Marcos 13.28-31
29Em seguida Jesus fez esta comparação:
— Vejam o exemplo da figueira ou de qualquer outra árvore. 30Quando vocês veem que as suas folhas começam a brotar, vocês já sabem que está chegando o verão. 31Assim também, quando virem acontecer aquelas coisas, fiquem sabendo que o Reino de Deus está para chegar. 

34E Jesus terminou, dizendo:
— Fiquem alertas! Não deixem que as festas, ou as bebedeiras, ou os problemas desta vida façam vocês ficarem tão ocupados, que aquele dia pegue vocês de surpresa, 35como se fosse uma armadilha. Pois ele cairá sobre todos no mundo inteiro. "



quinta-feira, 3 de abril de 2014

"Tamo Junto"




“ E Jesus lhe disse: Judas, com um beijo trais o Filho do homem?”

Lucas 22:48

Comportamento: esse grande enigma que conduz nossa existência. Pesquisas na área da neuroetologia, mais especificamente da etologia cognitiva (estudo do comportamento e cognição animal) podem trazer grandes contribuições para o entendimento das ações humanas mais controversas. A observação do comportamento de ratos e insetos, por exemplo, que revelou que o canibalismo é uma prática comum em determinados grupos. Esse comportamento ocorre sob circunstâncias de estresse, controle populacional, doenças ou mesmo por disputa de território. O contexto lhe parece familiar?

Era pouco mais de dez horas da manhã . O pátio do colégio estava lotado em um dia frio e ensolarado. Como bolsista, precisava realizar tarefas na escola para ter desconto na mensalidade do ensino particular . Lá fora era aguardada por uma colega que precisava de ajuda com sua preparação para o debate de história no dia seguinte:
‘- É rápido, prometo.” 
“- Tudo bem, mas vai ter que ser rápido mesmo.  Tenho que passar pelo corredor polonês até o campanário daqui a quinze minutos (referindo-me ao caminho que percorria diariamente sob as vaias, ofensas e safanões para bater o sino do campanário da escola anunciando o final do recreio)”
“- Tranquilo, depois eu atravesso com você. ‘
“-Sério?”
“- Sério” – ela disse, enquanto tocava o meu ombro: “- Tamo junto.”
Falou que seu material estava em uma sala vazia da escola, ao lado da sala de vídeo, já que as salas de aula eram trancadas durante o recreio. Era perto dali.

Seguimos até lá rapidamente e, ao chegar, fui surpreendida por um pequeno grupo de outras colegas de classe que me cercaram, me empurraram no chão para dentro da sala e trancaram a porta por fora.
“- Fica aí, sua idiota” gritou uma delas do lado de fora.  Dava pra ouvir as risadas enquanto se afastavam.  Tive vontade de chorar. “Bom, pelo menos hoje não vou passar no corredor polonês” pensei. Era um tempo em que nem se falava em bullying, essas situações faziam parte do meu dia-a-dia na escola. Depois de bater na porta feito louca, acabei sendo encontrada por um fiscal de corredor cerca de vinte minutos depois. Perdi a aula seguinte e fui advertida por não “tocar o sino” na hora certa. As meninas receberam uma advertência da orientadora educacional e o fato de eu identificar as minhas agressoras me rendeu um soco na boca do estômago dentro do banheiro naquela semana.

Isso foi há muito tempo, um tempo em que aprendi algumas lições importantes para a vida. Uma delas foi a de jamais confiar em alguém que dissesse “- Tamo junto.”  Pessoas podem estar juntas, o que não significa e estejam comprometidas umas com as outras. Os ratos e os insetos, antes de devorarem uns aos outros, também estão juntos.

Tenho absoluta convicção de que todos os que estiverem lendo já experimentaram de alguma forma a sensação de traição, de confiar em quem não deviam, de revolta com a falsidade. A dolorosa constatação de que quem “tava junto” na verdade era um rato ou  um inseto.


No contexto humano podemos refletir sobre esse tipo de comportamento canibal - falando metaforicamente, é claro – sob outro enfoque. É preciso entender o quê o motiva: existe fome e existe o desejo de comer. O primeiro é a necessidade de auto preservação e o segundo a vontade de sorver aquilo que nos agrada. O primeiro é um ato de quem se sente de algum modo ameaçado em sua sobrevivência, já o segundo, por inveja. Em ambos os casos, o “canibal” age desta forma porque está incomodado pela “fome”. Come porque é fraco e não sabe como lidar com a frustração de ser quem é tentando desesperadamente substituir a própria carne por uma substância de melhor qualidade. 

Uma vez entendido isso, ficamos imunes ao trauma  de ser o alvo dos ratos e insetos da espécie “Tamo junto”. Estamos prontos para cuspir fora da boca qualquer amargura e podemos nos sentir mesmo lisonjeados pelo fato de “ abrirmos o apetite” alheio.
Podem até nos dar uma mordida, mas ao contrário de nos consumir, estarão apenas envenenando a si mesmos, engasgados sem conseguir digerir a nossa força.

Estamos prontos para levantar, estancar o sangue e sermos mais felizes e mais fortes do que antes. Problemas com ratos ou insetos? Seja feliz e dedetize sua vida!


Segue o vídeo de hoje: