quarta-feira, 7 de maio de 2014

Farofa de Alzheimer


“Há algo de podre no reino da Dinamarca".
(Marcelo em Hamlet, Ato I cena IV- de William Shakespeare)

Não é só na Dinamarca.

Um dos fatores que identificam um povo é a culinária. Muito popular na mesa brasileira, a farofa acompanha quase tudo.
De milho ou mandioca, a farinha de origem indígena era comumente adotada para, com porções de feijão, alimentar os escravos que chegavam da África.

Sábado. Dia sagrado para os judeus. Dia também de feijoada com…farofa.

Com o tempo a farofa foi ficando mais sofisticada, com a adição de vários ingredientes adicionados à mistura que geralmente não são identificados de imediato pelos que a degustam, e ganhou a mesa das comemorações. Importa mesmo é que agrade ao paladar, mesmo que os ingredientes estejam como o reino da Dinamarca...

25 de Dezembro. Dia de farofa.
Não falo da celebração cristã do nascimento de Jesus. Falo da celebração pagã do nascimento do deus Mithra, cultuado aos Domingos por muitos romanos, especialmente os militares, nos templos mithraístas sobre cujas ruínas foram erguidas muitas igrejas e catedrais quando o imperador Constantino tornou o “Cristianismo” a religião mandatória.

Esse deus nada tem a ver com a mitra, o longo "chapéu" branco usado pelos papas, nem o outro, igual à esse, que aparece adornando a cabeça de Osíris, o deus responsável pelo julgamento dos mortos no antigo Egito.

A farofa também cai bem nos almoços de domingo. Como no almoço especial do primeiro domingo após a primeira lua cheia do equinócio da primavera no hemisfério Norte. Não, não falo da Páscoa. Falo da celebração à deusa pagã da fertilidade, Eostre, da mitologia Anglo-Saxã, cujo animal preferido era a lebre e em cuja a festividade eram oferecidos ovos pintados como símbolo da nova vida.

Os ovos pintados são até hoje um símbolo tradicional da Ucrânia, chamados pêssankas, um souvenir artesanal característico muito apreciado pelos turistas.
Lá não tem farofa, mas tem o delicioso Kutiá. Tem também o 2º maior exército da Europa (depois da Rússia), a 5ª maior usina nuclear do mundo, Zaporizhzhia (a maior da Europa, tendo perdido Chernobil no desastre trágico de 1986) e uma enorme base industrial de eletrônicos, armamentos e artigos espaciais, além de ser considerada o “celeiro” de grãos europeu. Há algo de muito podre na crise da Ucrânia, diria Marcelo.

Vivemos num grande prato de farofa. Das farofas da humanidade a mais consumida é a de Alzheimer. Mesmo que quase ninguém saiba disso.
Alzheimer é uma doença degenerativa do sistema nervoso que provoca o declínio das funções intelectuais e distúrbios de memória, interferindo no comportamento e na personalidade. A previsão, segundo a ADI (Alzheimer's Disease International ), é que o número de doentes de Alzheimer chegue a 65,7 milhões em 2030. Extraoficialmente parece que cerca de 90% da população mundial parece já sofrer desse mal considerando-se o cenário histórico e atual das sociedades.

Ao descobrir o incrível potencial dessa farofa, líderes e governos do mundo civilizado desenvolveram métodos de transformá-la em pílulas, usando o engodo como excipiente, para em seguida administrá-las à sociedade em doses nem sempre homeopáticas.
Descobriram que, com a pílula da farofa de Alzheimer, era possível controlar de modo cada vez mais amplo um volume cada vez maior de pessoas e, consequentemente, controlar os meios de produção, consumo e comunicação. Após um tempo mais prolongado de tratamento, os pacientes tornam-se inaptos a discernir valores e conectar fatos.

Era mais fácil fartar as populações de muita farofa (de desinformação) do que sonegar-lhe o alimento justificando sua fome. A perda de referenciais levaria as conciências à um inevitável Alzheimer social.
Assim, foram formados concílios, criadas agências, patrocinadas indístrias e estabelecidos sistemas, cânones e códigos em nome de uma pseudo-organização serviria de alicerce do mundo como conhecemos hoje: o alicerce da farofa.

Como mostra a história, os que sabiam ler determinaram o que era sagrado para o povo em lugar do dinheiro e da dignidade que roubaram, misturaram com muita apologética e serviram essa farofa (eventualmente preparada com ingredientes podres como no reino da Dinamarca) cozida com controle econômico, assada com desinformação (podendo adicionar manipulação) ou frita em óleo de guerras.

Hoje, quase ninguém sabe o que vem de onde nem porquê. Só sabem comer farofa.

Nessa farofa, refoga-se primeiro o pão e o circo para dar gosto e joga-se sobre a educação e saneamento. Quando esquentar junta-se qualquer escândalo, adiciona-se uma celebridade ou pessoas pública(ou várias), abranda-se o fogo e reserva-se um pouco com teorias da conspiração desarticuladas para confundir. Serve-se em seguida com Alzheimer. Sob forma de pílulas, a droga deve ser administrada sob o rótulo de vitamina. Há registros relevantes de efeitos colaterais como a letargia, ignorância, dormência e inércia.


As celebrações mudam, fica a farofa.

Segue o video deste post: