segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Câncer


São Paulo, manhã chuvosa.

"- Ai, que coisa triste!" , disse a manicure balançando a cabeça enquanto se preparava para começar a fazer minhas unhas.
Com a cabeça ela acenava para o topo da pilha de revistas, e continuava: "O pobre do Marcos Paulo (ator e diretor de cinema e televisão) acabou morrendo...eu achei que ele tinha se curado do câncer..."

Uma mulher que havia chegado há pouco e se jogado no sofá ao meu lado respondeu enquanto olhava a revista à que se referia a manicure: "- Ah! Mas isso é assim mesmo, quem tem essas coisas de tumor sempre acaba morrendo logo, não adianta. Eles dizem que estão bem, daí morrem no hospital."
A manicure, que sabe do meu tumor no cérebro, manteve a cabeça baixa e me dirigiu um breve olhar constrangido, começando a dedicar atenção extra à lixa de unhas.

"- Essas doenças não têm cura " , continuou a mulher, "- Se a pessoa não morre do tumor, morre do estrago que ele deixou." Folhou um pouco mais a revista e depois levantou-se num rompante para ir falar com o cabeleireiro.

Sorri para a manicure e disse "-Tudo bem, tá tranquilo." Ela resmungou alguma coisa sobre os comentários da mulher e tratamos de mudar de assunto.
Mas o que aquela mulher disse me deixou pensando: Não basta extirpar tumores, é preciso cuidado com o efeito residual que eles podem deixar. Efeito residual que pode causar outros males e levar à morte. Isso quer dizer que não basta tratar o foco de um mal em si, é preciso que haja uma cura mais ampla de modo a neutralizar a ação residual desse mal que pode ficar latente ou escondida em algum ponto não percebido.

Se você não extrair  o câncer ele vai matar as células saudáveis e elas morrerão. Se não tratá-lo em todos os âmbitos do organismo, inclusive com a mudança profunda de hábitos, pensamentos e percepções que isso acarreta, morrerá devido ao efeito residual desse câncer. Isso se aplica não só ao nosso corpo, mas à tudo na vida.

Quantos tumores existem em sua vida, em seu ambiente de trabalho, em seus relacionamentos? A sua empresa tem câncer? A sua vida tem câncer? E sua família, tem câncer? Quanto tumores você tem? Quantos deles impedem o seu crescimento e o daqueles que convivem com você sabotando sua família, sua equipe de trabalho, sua relação com as pessoas...quantos? O que impede você de extraí-los antes que contaminem tudo irreversivelmente?
É preciso coragem para tomar decisões e agir, porque isso tem um preço e esse preço nunca é barato. Mas preço a gente paga por aquilo que tem valor, se não custa é porque não vale -  e sanar as nossas vidas vale muito. 

Se não curar o todo você não vence, só adia a derrota.

Segue o vídeo de hoje:



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