terça-feira, 27 de novembro de 2012

Café com Maquiavel


Hoje tive um momento para um café bastante reflexivo.
Confesso que estou cansada da pouca profundidade alcançada por nós quando temos que valorar nossa existência.

O quê move o mundo? O quê lhe move?
Dizem que o que move o mundo é o dinheiro.
Discordo. O que move o mundo são os líderes que usam o dinheiro.

São os líderes que formatam as sociedades, as organizações, a família.
Somos líderes de nossas vidas a cada decisão tomada.

Dizem que o mundo como conhecemos hoje vai acabar. Será? Até que ponto seremos capazes de promover essa mudança?

Como docente de Seminários de liderança aqui, nos Estados Unidos e na Ásia, preciso me manter sempre atualizada em termos de tendências, ideologias, conceitos sobre esse tema. 

Recentemente li entrevista de Gary Hamel, autor de "Liderando a Revolução" (um dos meus preferidos), e do recente  "O que importa agora" (Ed. Elsevier).  Ele exalta a necessidade de priorizar a inovação desburocratizada e que proporcione autonomia (descentralização do controle) na tomada de decisões, baseada na confiança, nas competências e em valores claros e bem definidos. Quantos de nós vive essa realidade no dia-a-dia?

Aí você me pergunta o que gestão de empresa tem a ver com a vida prática. Tudo. Empresas são como organismos e os organismos funcionam ordenadamente para cumprir "metas" estabelecidas por cada órgão para manterem-se vivos.

Donas de casa são líderes e definem os mercados. Mães e pais são líderes e formam agentes da sociedade e das economias assegurando o futuro das nações (emocionalmente equilibrados ou não, fortes, fracos,íntegros,corruptos).

A maioria da sociedade, já dizia Maquiavel, é incompetente para liderar sua própria vida e forma uma grande massa de manipulação. Mas isso é assunto velho...

Porém, Maquiavel, em sua "Arte da Guerra"(sim, nem só de Sun Tzu vive a estratégia) fez algumas considerações que parecem extraídas de qualquer revista Época ou Carta Capital de hoje: mudou o prato, o bolo continua o mesmo.

Costumo dizer em minhas aulas que toda a forma distorcida de liderança é corrupta. Porque já não focará no propósito e sim nos interesses agregados ao processo. É como um remédio cujos efeitos colaterais são mais intensos do que a melhora. Pensamos em corrupção, pensamos na política. Mas a política está muito além das esferas governamentais. Toda a vez em que você lida com conflito de interesses em casa ou no trabalho, faz política. A política é o que sustenta as relações do mundo civilizado (às vezes de modo pouco civilizado) - ela é que define para onde vai o dinheiro, quem será favorecido. Quando o filho negocia a mesada com o pai, quando a esposa quer ir à um show que o marido não quer, quando decidem as férias, o que comprar, quando as empresas definem prioridades e quem influencia quem, faz-se política.

Falando em influência, essa é a arma essencial da política. Para corrompê-la ou para o avanço do interesse comum.

O mesmo Maquiavel, em seu livro "O Príncipe" diz, na pág. 214: "O primeiro método para estimar a inteligência de um governante é olhar para os homens que tem à sua volta." - por quê? Resposta simples: influência. - Você está à altura daquele por quem é influenciado.

Assim é que a euforia por mudanças precisa ser vista com olhos mais atentos: mudar é necessário, mas a borboleta jamais deve mudar para lagarta. A flor não muda para botão. Uma coisa é certa de qualquer forma: Para mudar é preciso coragem e ousadia. Você tem?

Guitarras em riste, segue o vídeo:


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