"Cantam os melros, calam-se os pardais".
Ditado popular português
Ele estampa brasões e bandeiras. Em algumas culturas representa a alma, em outras, as tentações, tamanha a beleza de seu canto.
O tordo negro, o melro, o "quase só".
Há mais pardais que melros.
Ao contrário dos pardais, que piam alegres e saltitantes o dia inteiro, são sociáveis e freqüentam lugares urbanos em busca de migalhas dos homens, o melro é solitário, adquirindo comportamento gregário só em tempos de migração para o bem da proteção dos grupos. Mas não é por conta desse comportamento que quero falar do melro. A razão que me move é outra.
O melro tem um canto único, melódico, e que costuma ser ouvido em um momento específico do dia: a hora mais escura, que antecede o nascer do sol. Ele anuncia que o amanhecer está próximo. Com seu canto melodioso, profetiza instintivamente a luz que está por romper a hora mais escura trazendo a alvorada.
Ele, o melro, canta como que para nos fazer lembrar de que não há alvorada sem a escuridão que a precede. Às vezes estamos acordados, insones e atordoados em uma vigília angustiante e involuntária, surpreendidos pela hora mais escura. Nesse momento irá cantar o melro. E os pardais estarão calados.
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